Quem sou “EU”? Bem, começo por me apresentar, chamo-me Mª João Lucas (MJL), já tenho uma certa idade, vocês também, vivi experiências únicas que me tornaram igual a todos e diferente de cada um, um “SER” único chegando aqui e agora a convite do Lourenço e Marta, para conversas através do Regenerar, e humildemente aceitei esta gentil oportunidade que muito agradeço.
Já andava inquieta com as palavras que saltavam de ideia em ideia, e, como não há coincidência mas sim sincronicidade, como o chi não é para bloquear, como é dito várias vezes pelo Lourenço nas suas propostas para a prática de exercícios no Chi Kung, mas sim para fluir, hoje inicio aquilo a que chamei de Conversas sem fim (inícios/princípios-fins/limite) pois não pretendo que tenham conclusão e não pretendo que tenham qualquer objetivo (propósito/finalidade), são apenas meras aberturas para o universo das ideias desenfreadas, diálogos, perguntas, questões, inquietações, etc., as conversas são como as cerejas, dizem, e é por aí que ando, sejam numa taça ou no topo de um qualquer bolo/montanha.

(foto por MJL - 2020)
Então… no início deste ciclo solar, o que mais aprecio, no qual me sinto mais confortável, entre as estações verão-outono e como sempre gostei de ler, ver filmes e ouvir música, vou estabelecer paralelos entre um filme e uma “conversa” interna baseada nas minhas vivências e experiências pessoais.
No caso, começo por vos mostrar o trecho de um filme de desenhos animados, Bambi, que me chamou à atenção há muitos anos. Sempre retirei mensagens dos filmes que vi, mesmo dos que não gostei, os filmes sempre me deixaram pontinhas de fios condutores de pensamentos e este em particular levou-me à história atribuída a Sócrates, filósofo grego, que penso que não viu o filme do Walt Disney.
"As três peneiras".
Tem que ver com a verdade - bondade - necessidade e conta-se mais ou menos assim:
“Um homem foi ao encontro de Sócrates para lhe contar algo que julgava do seu interesse, mas antes que o pudesse fazer, Sócrates, ter-lhe-á perguntado - essa informação passou pelas três peneiras?
Percebendo que não sabia o que eram, esclareceu que a primeira é a peneira da VERDADE, o que queria dizer seria verdade? A segunda é a da BONDADE, trazia algo de bondoso para contar? E por fim a terceira peneira a da NECESSIDADE, a informação teria alguma utilidade. A todas estas condicionantes o amigo respondeu “não”. Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bondoso, nem útil é melhor que o guardes apenas para ti.”
Foi assim que percebi porque era sempre a última a saber das coisas, não as passava adiante, não tinha serventia para fazer circular boatos ou conversas de corredor. Às vezes dizem-me “Tu não contas porque não és igual aos outros, és toda certinha.”, ou até como uma vez alguém me disse: mas eu não sou teu amigo? podes contar-me… queria saber algo que eu tinha presenciado mas que não era suposto sair do contexto.
No entanto, pelo mesmo motivo, algumas pessoas sentem que podem confiar-me coisas suas, privadas, e o que me é dito em confidência, não sai da minha boca para a frente. Como faço? Por omissão ou fazendo-me no que sou, “Lucas”, ou dizendo que sei mas que me foi dito em confidência e que o outro está no seu direito de dizer a quem quiser e quando achar oportuno. Não é da minha responsabilidade fazê-lo.
Não por uma questão de fazer segredo ou ser má amiga, apenas por uma questão de princípio de respeito pelos outros, assim como gostaria que fizessem comigo. Uma das máximas lá de casa era “não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti”.
O que nos define são as nossas ações. Sou pela diversidade, complementaridade, pela aceitação de todos e do pleno de cada um, com tudo a que têm direito. Não sou fundamentalista, e é claro que cometo erros (muitos e todos os dias) é assim que me sinto crescer.
Se mais pessoas usassem estes três princípios, o das peneiras, antes de cederem ao impulso de simplesmente passar as informações a outros, dirigiriam as suas energias, talentos ou dons para atividades ao encontro de quem são, sem desperdício de tempo, seriam mais verdadeiras consigo mesmas libertando-se de crenças limitantes, julgamentos e amarras ao passado.
O que me trouxe aqui? Meras vivências ao aqui e ao agora e a quem sou, “EU”.
como sempre assino, MJL
Comments